Mais, se até eu soubesse onde procurar.
I
Viver do fenómeno
Como se de alimento se tratasse
Tornou-se minha ambição
No decorrer de mais uma madrugada
Contei as horas
Em que te esperei sem querer
Sem vida a que me agarrar
Supondo que
Eventualmente
Me reconhecerías
II
Importei-me uma vez
Com as minhas parcas opções
Sabendo-me só
Escolhi tua companhia
Repetida
Ouvi vezes sem conta
Os ecos sem fundo
Dos gemidos ternos
Das nossas longas horas
Que não eram de mais ninguém
III
Senti
Quando qualquer rumo mudou
Que o mundo me tinha raiva
Por ter parido qualquer dor
Senti
Como se tudo fosse agora
Sem te saber na palma da minha mão
Senti-te junto a mim
Como uma flor que pisei
Ou algum grito que ignorei
IV
Março campestre
Porque me deixas sem pudor?
Lamentamos juntos
Teus ódios, minhas mágoas
Feridas abertas e sabores queimados
Beijei tua alma
Porque te sabia morto
Agora deixa-me
Não quero mais
V
Tracem-me o sexo
Só assim saberei mais qualquer coisa
Que nem falta me faz
Só porque sim
Tomem-me por garantido
Por favor
Não me venham exigir
Tudo o que já dei
Etcetera
Enfim
VI
Boca vermelha
Pálida
Suponho que estejas do meu lado
Não te sinto fria
Não me arrastas pela dúvida
Beijei-te ao hesitar
E agora perco-te
Num delírio qualquer
De triste
De pobre
Sem ter a tua paz
VII
O quão podre preciso estar
(pelo menos meu coração)
Para sucumbir a dúvidas
Eternas
Ai, meu semblante carregado
Que dor tão sem significado
Pobre de espírito
Nojo
Viciado no remoinho constante
Da perpétua renovação da dor
Que é tudo isto
VIII
Liberdade canina
Esta, a de te amar
Toma a minha força
De saber que caí
E perdoa-me inocências
Desespero e vómito
A noite é fantasia
E nós
Nós somos seu fosco reflexo
IX
Bruta eternidade
Que é o compasso de espera
Para o universo me dar fôlego
Desta feliz coincidência
Estou cheio de vontade
De tudo
Até de te foder
Mas não me levanto daqui para tal
Isso seria morrer
E amanhã é outro dia
X
Coroa tão vazia
A que me é atribuída
Pelo pudor
Afastem-se da minha carcaça
Por um ténue segundo
Sem esforços
E vejam o que fizeram da minha luta
Inexistente
Escolheram-na.
20090415
20090406
20090330
Feio feio
Nada resulta quando somos empurrados
Perdi a conta
Respiram-me na nuca
Cem fantasmas do passado borratado
Não existo sem saber
Nunca fui boa pessoa
Perder
Em qualquer um dos passos
Resultou numa vã esperança
De que tu
Sim
Agora agora agora
Agora não tenho para onde me virar
A não ser um eco qualquer
Do teu reflexo
Larga-me as mãos
Já não sei nada
Nada resulta quando somos empurrados
Perdi a conta
Respiram-me na nuca
Cem fantasmas do passado borratado
Não existo sem saber
Nunca fui boa pessoa
Perder
Em qualquer um dos passos
Resultou numa vã esperança
De que tu
Sim
Agora agora agora
Agora não tenho para onde me virar
A não ser um eco qualquer
Do teu reflexo
Larga-me as mãos
Já não sei nada
20090323
Mon Coeur
Todos os momentos
Que passaram
São apenas restos
De qualquer vazio
Que nunca preenchi
Para ti
E para qualquer alma
Que se perca em mim
Não sei como retribuir
A não ser com palavras velhas
E sentimentos repetidos
A não ser quando te sinto
Perto
Mais perto que nunca
Sem nunca te ter tocado
Lembro-me de ti
Lembro-me de qualquer coisa
Que nem sequer sei se existiu
Agora
Somos nós
E mais nada
És o que me resta
Todos os momentos
Que passaram
São apenas restos
De qualquer vazio
Que nunca preenchi
Para ti
E para qualquer alma
Que se perca em mim
Não sei como retribuir
A não ser com palavras velhas
E sentimentos repetidos
A não ser quando te sinto
Perto
Mais perto que nunca
Sem nunca te ter tocado
Lembro-me de ti
Lembro-me de qualquer coisa
Que nem sequer sei se existiu
Agora
Somos nós
E mais nada
És o que me resta
20090322
Se tudo o que fizesses
Não fosse mais que um momento
Sem pensar em nada
Serias mais que mil sorrisos
E uma e outra vez
Serias mais que qualquer eu
E eu
Perdido em mil inseguranças
Não te sei minha
Mas sei-te proxima de mim
E sei que sou teu
A cada respirar meu
Só consigo imaginar o teu
E não paro de pensar
No teu peito contra o meu
No teu sabor
Na tua presença
Quero-te comigo
Quero-me contigo
Até tudo fazer sentido
Não fosse mais que um momento
Sem pensar em nada
Serias mais que mil sorrisos
E uma e outra vez
Serias mais que qualquer eu
E eu
Perdido em mil inseguranças
Não te sei minha
Mas sei-te proxima de mim
E sei que sou teu
A cada respirar meu
Só consigo imaginar o teu
E não paro de pensar
No teu peito contra o meu
No teu sabor
Na tua presença
Quero-te comigo
Quero-me contigo
Até tudo fazer sentido
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